A vida de João Alves de Assis Silva, o Jô, sempre foi um palco de extremos. Um jogador que ascendeu aos céus com gols memoráveis e paixão de torcedores, viu-se, em um repetido déjà-vu, descendo novamente ao chão por uma realidade distante do gramado. A tarde de quarta-feira (18), em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, foi mais um episódio desta trajetória sinuosa: o atacante, agora com 37 anos e com um novo contrato com o Itabirito para as competições de 2025, foi levado sob custódia policial, novamente, por conta de sua inadimplência na pensão alimentícia de um de seus filhos.

A decisão judicial partiu da juíza Camilli Queiroz da Silva Gonçalves, do Tribunal de Justiça da Bahia, resgatando o debate sobre a importância da responsabilidade paterna e como os problemas pessoais podem cruzar o caminho dos holofotes e do esporte. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) confirmou a entrada de João no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional – Contagem, deixando claro que a prisão se dava pelo não cumprimento de suas obrigações financeiras para com um de seus filhos.
Para Jô, não é a primeira vez que as grades da prisão se interpõem em sua trajetória. Há pouco tempo, uma prisão anterior já o havia confrontado com as consequências legais de suas decisões. O jogador, conhecido pelos lances mágicos com a camisa do Atlético Mineiro - time em que, em 2013, ele conquistou o título de artilheiro da Libertadores -, viu sua carreira esportiva colidir diversas vezes com os seus conflitos de ordem privada. Casado com Cláudia Santos, Jô tem oito filhos, sendo que seis são fruto de relacionamentos extraconjugais.
Essa composição familiar atípica não raro o levou para o noticiário por conta de disputas na Justiça, sendo que Maiara Quiderolly, mãe de seu caçula, passou a protagonizar batalhas públicas na justiça relacionadas ao pagamento de pensão e também sobre reconhecimento de paternidade. As disputas entre os dois transbordam do tribunal e ecoam nas redes sociais, criando um espetáculo à parte em que o nome de Jô ganha nova vida. Essa realidade deixa claro a dificuldade que um atleta de renome tem de lidar com seus papéis públicos e privados, a partir da sua gestão de seus atos fora do campo.
.png)
A repercussão da segunda prisão de Jô traz consigo o peso da repetição e reabre uma ferida para quem o acompanha de perto, assim como o futebol nacional. Sua imagem - que parecia se reconstruir na sua chegada ao Itabirito -, volta a sofrer um revés que abala a trajetória esportiva de quem sempre foi visto como um gênio da bola. Se no passado recente ele amargava o peso da cobrança por uma performance apagada em campo, agora Jô vê sua imagem associada à má gestão de suas responsabilidades familiares. A sombra da repetição parece pairar sobre sua história, demonstrando um padrão de comportamento que o leva a colidir constantemente com suas próprias atitudes.
As consequências dessas ações impactam a sua vida esportiva. Ele que, agora no Itabirito, estava se preparando para a disputada do Campeonato Mineiro e da Série D de 2025, irá viver em uma situação que ameaça seu retorno aos gramados. O caso de Jô é mais um triste exemplo que mostra que a glória e o sucesso no esporte não eximem ninguém das obrigações comuns do dia a dia, o que faz acender o sinal amarelo a todos os atletas de que uma boa gestão familiar e pessoal também é chave para o bom andamento da carreira.
Além da dor e frustração de quem o apoia e espera por seus gols nos campeonatos, o que mais incomoda na saga do ex-artilheiro da Libertadores de 2013, é a repetição do erro. Jô agora, mais do que nunca, precisará entender o tamanho do seu impacto nas pessoas ao seu redor para, a partir disso, reconstruir um novo caminho – dentro e fora dos gramados. O caso de Jô serve como um alerta: nem mesmo a magia dos campos de futebol apaga a importância de honrar as responsabilidades paternas.
0 Comentários